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sexta-feira, 10 de março de 2017

                                 DEUTERONÔMIO - UMA REPETIÇÃO DA LEI:
O COMPROMISSO ENTRE APRENDIZADO E PRÁTICA


Elias Humberto Alves Carneiro Vaz*


RESUMO
Deuteronômio nos ensina sobre a instrução de vida obediente, para um povo trabalhado pela exortação repetida na Lei de Deus, dada por Moisés a uma nova geração, os que nasceram no percurso do Egito à Canaã, a terra do seu suserano. O coração é o terreno a ser conquistado.
Palavras-chave: Palavra. Suserano. Povo


INTRODUÇÃO

O assunto deste texto é o livro de Deuteronômio. A proposta é apontar os principais propósitos dessa obra. Comentar sua autoria e apresentar de forma mesmo que sintética, o que o escritor sagrado define como o apego à palavra de Deus, o valor do conceito relacional entre o povo escolhido e sua resposta à lei do seu Senhor. Como a nação de Israel recebe e redargua aos mandamentos de Deus.

Relacionaremos também, alguns assuntos que são bastante evidentes em Deuteronômio, que são as bênçãos relativas à obediência, e as maldições, como consequência das desobediências. Como entendemos a grande profecia a respeito dos judeus, na contemporaneidade da igreja, e qual era o objetivo desta narrativa tão marcante da escritura e bastante ressaltada no Pentateuco.

Que destaque o livro de Deuteronômio apresenta apontando para o messias? Como podemos entender redenção a partir de Deuteronômio, e a relação do pentateuco, com os demais livros da Bíblia. Discutiremos, então, alguns paralelos, mesmo que de forma concisa, devido à riqueza e a vasta sabedoria apresentada neste objeto de estudo.

Das grandes maravilhas da revelação descritas em Deuteronômio, comentaremos brevemente o final da peregrinação de Israel no deserto. A apresentação que o Senhor faz, da terra prometida a seu servo Moisés, e o fim da carreira desse homem, cujo nome é tão valioso e respeitado pelos judeus, e pelos que professam a fé cristã.

1 AUTORIA MOSAICA

Por todo Pentateuco Moisés se declara como o autor e no livro de Deuteronômio, não é diferente. Em diversas passagens do livro, Moisés se apresenta como autor dos discursos na sua maior parte. Exceto o capítulo 34, que são relatadas as atividades finais de Moisés, obviamente, ocorre uma breve participação de outro autor. O qual não é possível identificar, exatamente, porém pela sua proximidade com Moisés, e sua autoridade sucessória na liderança de Israel, provavelmente, esta participação no final do livro de Deuteronômio, possa ser de Josué.
Baseado em pressuposições conservadoras, é possível estabelecer um argumento muito forte em prol da autoria mosaica de Deuteronômio. Pelo teste de concordância com conhecidas condições históricas, e através de uma análise literária cuidadosa, não é difícil demonstrar que só o período pré-Davídico pode ser reconciliado com o texto hebraico. Pode ser demonstrado através dum tratamento justo da evidência: a) que Deuteronômio foi escrito antes do aparecimento dos profetas que escreviam, no oitavo século a.C.; b) que precede igualmente a divisão da monarquia hebraica em Israel e Judá em 931 a.C.; c) que acorda melhor com um período perto da conquista encabeçada por Josué. Um reexame muito cuidadoso desta evidência foi feito por G. T. Manley durante os últimos anos, demonstrando, com a lógica mais irresistível que os dados do próprio texto eliminam a possibilidade duma origem pós-mosaica. (ARCHER, 1991, p. 173)

Além da autenticidade da autoria de Moisés apresentada no próprio Pentateuco, esta confirmação é dada em outros livros do antigo e do novo testamento, principalmente pelas citações de Jesus Cristo, Estêvão e os apóstolos Paulo e Pedro, sobre esse livro, além de afirmar toda lei como autoria de Moisés, também reconhecem Moisés como autor do quinto livro, como de todo o pentateuco, a Lei de Moisés. Tanto a tradição judaica quanto a samaritana são unânimes em declarar que Deuteronômio é o quinto livro de Moisés. Portanto é totalmente adequado afirmar que Moisés é o autor de Deuteronômio, o quinto livro da Bíblia.
O livro começa com o povo de Israel na terra de Moabe, a leste do mar Morto, e às margens do rio Jordão, num ponto que teriam atingido numa caminhada de onze dias, mas percorreram por diversas voltas em quarenta anos. Seu trajeto bastante vagaroso foi um propósito de Deus em preparar um povo devidamente habilitado para adentrar à terra prometida aos patriarcas Abraão, Isaque e Jacó. E dos que saíram do Egito, só adentraram em Canaã, Josué e Calebe. Sendo assim uma nova geração nasceu no deserto, e Moisés tinha a necessidade de repetir a Lei a essa nova geração, pronta e ansiosa por conquista, e assim Moisés dá inicio a seus discursos, como se nesse primeiro de três, ele olhasse para traz.

2 SIGNIFICADO E PRINCIPAIS PROPÓSITOS DE DEUTERONÔMIO
O conteúdo de Deuteronômio é identificado com Moisés: “Estas são as palavras que Moisés falou a todo o Israel” (Dt 1.1). O nome hebraico do livro é: “Estas são as palavras”, ou ainda mais breve: “Palavras”. A LXX deu ao livro o nome grego de Deuteronomion (Segunda Lei), por ser a repetição da lei de Êxodo, Levítico e Números, porém não seria o título mais apropriado, pois o livro não trata de uma segunda Lei, mas da repetição da Lei proferida em Êxodo e Levítico.

“Cuidarei de fazerdes” (Dt 5.32), é a palavra de Moisés ao povo, com o propósito de serem bem sucedidos na prática da obediência à palavra de Deus, e não meramente ouvintes (Tg 1.22). Deuteronômio, de forma didática apresenta a relação das bênçãos com a obediência e das maldições com a desobediência, mas com um grande apelo para que o povo se apegasse e dependesse da palavra. Para aprenderem e memorizassem todo ensino da Lei dada pelo Senhor, a ponto de passarem com a mesma força e intensidade à sua descendência, e que fizesse parte da sua rotina, falando, escrevendo e lendo no caminho, ao deitar-se e ao levantar-se, estando sempre na sua memória (Dt 6.6-9).

Todas as realizações sonhadas estavam dependentes da obediência, a própria vida, a posse da terra, a vitória sobre os inimigos, a prosperidade e a felicidade. O livro ensina a inflexibilidade da lei: “farás” e “não farás”, aparecem repedidas vezes, e “a bênção se obedecerdes” e “a maldição se não obedecerdes”.

No sentido mais amplo da instrução dada em Deuteronômio, o relacionamento do povo com Deus, seria basicamente como dos vassalos com seu suserano. O vassalo gerenciaria a terra cedida pelo suserano. O juramento de fé e fidelidade do vassalo era de tornar-se dependente do seu senhor, com os devidos tributos a ser-lhe dado: o culto conforme o padrão de adoração e sacrifício de Levítico e a obediência do Decálogo com todas as suas ramificações éticas. A obediência nunca deveria ser entendida como uma permuta ou recompensa, mas ao contrário, deveria ser uma transformação constante do súdito que tributaria amor ao soberano Senhor. Assim o Deus de Israel propõe a participação do seu povo escolhido, na fidelidade pelo amor na adoração e obediência.

3 A REPETIÇÃO DA LEI – AS DEZ PALAVRAS

Várias visões são sustentadas, quanto à distribuição dos Dez Mandamentos. O texto nos informa que existem dez, mas não os enumera individualmente, pois o sistema de divisão do texto do Antigo Testamento em versículos não é, obviamente, original. As Igrejas Católica Ortodoxa Grega e Reformada, consideram o preâmbulo como estando fora do círculo dos dez. O primeiro mandamento, então, se aplica à proibição da adoração de outros deuses, o segundo à proibição de imagens, e assim por diante até o fim, do modo segundo o qual estamos acostumados. Essa divisão é tão antiga quanto o tempo de Filo e Josefo.
Deuteronômio é um dos maiores livros do Velho Testamento. Sua influencia na religião pessoal e familiar de todas as épocas jamais foi superada pela de qualquer outro livro da Bíblia. É citado mais de oitenta vezes no Novo Testamento e pertence, assim, a um pequeno grupo de quatro livros veterotestamentários aos quais os cristãos primitivos faziam referencia frequente. (THOMPSON, 2006, p. 11).


Aqui, Moisés não está apenas explicando quais são as leis de Deus a uma horda de escravos, mas com o uso da homilética, com estilo de sermão, Moisés seriamente exorta uma nação a despertar sua consciência para levar muito a sério a vocação divina, à uma vida de santidade na dependência de Deus, o seu único Senhor.

No segundo discurso de Moisés ele está olhando para o alto (Dt 5-26). “São estes os estatutos e os juízos que cuidareis de cumprir na terra que vos Deu o Senhor”. Israel estava para entrar numa nova terra, e tudo dependida da sua constante e inteligente obediência a Deus, que lhe estava dando a terra. Deus queria ensinar a Israel o amor, que é o real cumprimento da lei (Rm 13.8-10; Mt 22.37-40). Deus diz: “Sois meu povo; eu vos amo e vos tenho escolhido; estou no vosso meio; vou proteger-vos. Somente peço que me obedeçais para o vosso bem”. Também diz: “Sede santos, porque eu sou santo”.

No terceiro discurso de Moisés ele está olhando para frente (Dt 27.33). Moisés se dirigiu ao povo proferindo algumas solenes advertências. Primeiro falou das bênçãos que os filhos de Israel desfrutariam pela obediência com o entendimento do amor a Deus; depois Moisés citou as consequências da desobediência, tudo que empreendessem em rebeldia, “desobediência”, lhes seriam maldição, “em tudo” (Dt 28.15 até o final do capítulo).

4 DEUTERONÔMIO APRESENTA O MESSIAS
           
      Deuteronômio nos apresenta Jesus Cristo, como nosso verdadeiro profeta. E como preparação do povo para a entrarem e tomarem posse, da terra prometida, a graça majestosa, era que esse povo servisse a Deus em total obediência, com toda sua força, com todo seu entendimento, com todo seu coração. E é justamente esse, o ponto de contato com o Cristo de Deus, pois Jesus, em toda sua vida, fez a vontade do Pai. Seu ministério simples, nunca pareceu algo triunfante, ao contrário, desde seu humilde nascimento, sua vida e morte, foi fazer a vontade do Deus da Bíblia, o mesmo Deus que revelou a Moisés os cinco primeiros livros, e trabalhou um povo de dura servis no deserto, para fazer desse povo corrupto, uma nação santa, o obediente testemunho da verdade do Senhor de toda terra.
            “O Senhor, teu Deus, te suscitará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, semelhante a mim; a ele ouvirás [...] Suscitar-lhes-ei um profeta do meio de seus irmãos, semelhante a ti, em cuja boca porei as minhas palavras, e ele lhes falará tudo o que eu lhe ordenar.” (Dt 18. 15,18)

           
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por fim, Deuteronômio no capítulo 34, relata a morte de Moisés. Após o cântico e as palavras finais de bênção, Moisés subiu ao cimo do monte Nebo. Ali Deus o apresentou à distância toda a terra de Canaã, a que tinha sido combustível da sua motivação de conduzir o povo por quarenta anos no deserto, e sempre apontando a submissão a Deus. Moisés subiu ao monte, avistou a terra e nunca mais voltou. A Escritura relata que ele morreu e o Senhor o sepultou em um lugar desconhecido.

Israel, longe de buscar novas verdades para tomar lugar dos seus antigos conceitos, precisa guardar e obedecer a verdade revelada, que de uma vez para sempre, recebeu da fonte absoluta e imutável da verdade, portanto a admoestação fundamental de Deuteronômio: “Lembrai-vos, e não vos esqueçais!” Simplesmente, porque Canaã será o lugar da prática de todo aprendizado acolhido no deserto.
           
          “Ouve oh Israel, o Senhor nosso Deus, é o único Senhor!” (Dt 6.4).

“Estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te. Também as atarás como sinal na tua mão, e te serão por frontal entre os olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas. (Dt 6.6-9)
           
          “Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força.” (Dt 6.5)
            
      É realmente um grande tesouro todo ensino que nos traz o livro de Deuteronômio, como um fundamento para auto disciplina, de como nos relacionar com Deus em obediência. O que aprendemos da Lei de Deus deve nos dar a direção ética para todos os relacionamentos. Há uma grande necessidade de levar Deus a sério. Arrependendo, confessando e deixando o pecado. Fazendo uma constante varredura no íntimo do coração para que a proposta do ensino bíblico não saia da nossa memória. E que façamos o máximo esforço para que essa Lei, além de alcançar o maior número de pessoas através do nosso testemunho cristão, possa alcançar também toda nossa descendência.
  

“Lembrai-vos, e não vos esqueçais!”



REFERÊNCIAS
ARCHER, L. Glearson; Merece Confiança o Antigo Testamento? / Glearson L. Archer Jr., São Paulo-SP: Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, 1991.
KAISER, Walter C.; Teologia do Antigo Testamento / Walter C. Kaiser Jr.; Traduzido por Gordon Chrown, São Paulo-SP: Vida Nova, 2007.
THOMPSON, J. A.; Deuteronômio Introdução e Comentário / J. A. Thompson; Tradução: Carlos Osvaldo Pinto – São Paulo-SP: Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, 2006.
VOS, Geerhardus; Teologia Bíblica / Geerhardus Vos; Traduzido por Alberto Almeida de Paula, São Paulo – SP, Cultura Cristã, 2010.



* Aluno do Curso de Teologia Livre, do Seminário Evangélico de Teologia da América Latina (SETAL)

quinta-feira, 2 de março de 2017

                               A RELEVÂNCIA DA IGREJA


A igreja não é exatamente o Reino de Deus na terra, mas é a principal representante  desse Reino, e por tal motivo  ,a igreja possui um papel social de altíssimo nível, todavia não é de se estranhar que debates se   levantam  a respeito da identidade da igreja, e a pergunta é:Será que a igreja está passando por uma falsidade ideológica ?Será que a igreja sabe qual é seu papel? Será que a igreja cumpre seu papel?

No ano de 1977 um pastor americano, J.G.Swank escreveu um artigo com o tema que chamou a atenção, o tema  se intitulava: “O aconselhamento é uma perda de tempo”, tal artigo se  resultava  das suas frustrações e seu pouco êxito  na influencia com a sua igreja por meio do aconselhamento cristão, e também da  ineficácia e  ineficiência de tal  igreja com poucos resultados no meio da sociedade.

Todavia essa é uma realidade que deveria ser totalmente diferente, pois quando se    relembra  que no Novo Testamento na sua origem  apresenta o que é ser igreja,o fato é que existem duas palavras, derivadas da Septuaginta, quais sejam, ekklesia, de ek e kaleo, “chamar”, “chamar para fora”, “convocar”, e synagoge, de syn e ago, significando “reunir-se” ou “reunir”. Synagoge é empregada exclusivamente para denotar, quer as reuniões religiosas dos judeus, quer os edifícios em que eles se reuniam para o culto público, Mt 4.23; At 13.43; Ap 2.9; 3.9.

    
No Novo Testamento, Jesus foi o primeiro a fazer uso da palavra, e Ele a aplicou ao grupo dos que se reuniram em torno dele, Mt 16.18, reconheceram-no publicamente como seu Senhor e aceitaram os princípios do reino de Deus,e para isso a igreja precisa agir  com grande veemência no seu papel social e alguns desses alvos  que a igreja deve  ter na sua identidade como igreja e no seu papel social.

Portanto a igreja fará diferença quando levar tal realidade a sério.Não que estou dizendo que ela não leve,mas digo para levar mais ainda.

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